A precariedade laboral que caracteriza, em particular, a vida dos jovens tem dados sinais de se agravar. É, de facto, cada vez mais difícil ser jovem trabalhador em Portugal. A ameaça de despedimento paira incessantemente na cabeça de muitos jovens, a precariedade do vínculo laboral – amiúde “recibos verdes” ou trabalho temporário – coarcta as expectativas dos jovens num futuro promissor. Com efeito, a precariedade do emprego aliada à constante desvalorização do trabalho dos jovens condena os mesmos a uma existência medíocre.
Não se pode esperar a chegada do tão prometido progresso quando o país trata os seus jovens com um desprezo ignominioso. Já não se valoriza a competência, a entrega e dedicação ao trabalho; o que conta, efectivamente, é a gestão cega e imbecil de quem acha que ninguém é insubstituível. Mas ao invés de se aproveitar gerações que do ponto de vista cultural, de formação académica e do ponto de vista técnico são únicas, insiste-se em desvalorizá-las, porque subitamente toda a gente é substituível. Há, no entanto, uma premissa que é amiúde esquecida: a qualidade resultado da competência dos trabalhadores, a criatividade, o dinamismo e a eficiência não são facilmente substituíveis, e que as substituições podem ter consequências directas na produtividade e competitividade das empresas.
É claro que tudo muda quando falamos da administração pública – aqui impera a lógica da poupança a qualquer custo, e por conseguinte exige-se aos serviços que condenem os jovens em situação precária e que estes sejam substituídos por outros trabalhadores no quadro da mobilidade. Não terá esta política de parcimónia orçamental e de estupidez governamental resultados no eficiência dos serviços? Para quando uma administração pública eficiente e que contribua para mudar esta pasmaceira sem futuro chamada Portugal? Com o actual Executivo a resposta é “nunca”! Não se vislumbra um futuro na administração pública porque as medidas recaem fundamentalmente sobre os trabalhadores. E mais: com estas políticas não são os melhores que ficarão na função pública, é tudo uma questão de longevidade em detrimento da competência.
Não admira, pois, que muitos jovens tenham decidido abandonar o país, ninguém os pode condenar! Portugal virou as costas aos jovens, e mais grave, virou as costas a quem ainda pode dar um contributo para transformar um país ingrato num país com futuro. Infelizmente, o Governo de vistas curtas prefere fingir que governa para além do défice (o que é mentira) e ignora as dificuldades dos jovens, sendo mesmo o primeiro a promover a precariedade. Mais dia, menos dia, Portugal irá pagar a factura de ter ignorado o verdadeiro motor da mudança de um país: os jovens.
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