
Já aqui foi discutida a forma hipócrita e cobarde como o Governo decidiu distanciar-se da visita do líder espiritual tibetano Dalai Lama a Portugal. Não há muito mais a acrescentar sobre a actuação de um Governo que prefere a subserviência ao risco de ferir a susceptibilidade de colossos como a China. A questão dos Direitos Humanos? É um mero pormenor sem grande importância para o Governo português. Afinal de contas, vivemos na era do pragmatismo e da realpolitik, e não na era dos valores e dos princípios.
Mas não foi apenas o Governo a manifestar a sua hipocrisia e cobardia; exceptuando o Bloco de Esquerda e o CDS, nenhum partido se insurgiu contra a cobardia e subserviência do actual Executivo e do silêncio do Presidente da República. O PSD refugia-se na reiteração de palavras de circunstância e absolutamente incipientes. Aliás, a postura de Marques Mendes nesta matéria mostra novamente a falta de impetuosidade de um líder cada vez mais apagado e desprovido de ideias para o país. O PS, por seu lado, acompanha o “chefe” José Sócrates e o seu séquito.
O PCP mostrou mais uma vez a sua verdadeira natureza. Preferiu salientar a importância das instituições e das relações diplomáticas (sim, esta frase foi mesmo proferida por Jerónimo de Sousa), ao invés de criticar a postura cobarde do Governo. Por outras palavras, o PCP coadjuva o actual Executivo na sua missão de ignorar a presença do Dalai Lama em Portugal. São bem conhecidas as relações entre o PCP e PCC (Partido Comunista Chinês), não vale a pena, pois, incomodar os amigos comunistas chineses. A questão dos Direitos Humanos e a questão da identidade do povo tibetano que tem sido vilipendiada por facínoras são mais uma vez consideradas meros pormenores.
Apesar da compreensão de muitos relativamente à postura adoptada pelo Governo, não se pode aceitar o silêncio e a complacência de quase todos os partidos portugueses. Elogia-se a coragem do Bloco de Esquerda e do CDS que não se conformaram e proferiram palavras, cuja importância é de salientar, no sentido de combater este silêncio que ataca Portugal há demasiado tempo. Hoje foi a visita do Dalai Lama, e o que será amanhã quando a política externa portuguesa se pauta pela subserviência, pelos interesses económicos e pelo desprezo pelos Direitos Humanos?
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