
A crise financeira que começou no crédito à habitação, designadamente na concessão de crédito a clientes cujo risco era elevado – o chamado mercado subprime – tem consequências notórias quer no aspecto financeiro, quer no aspecto das economias, incluindo naturalmente a economia portuguesa. A má avaliação do risco, incluindo por parte de agências de rating deve ser motivo para uma reflexão sobre a génese desta crise.
Uma consequência óbvia da crise financeira prende-se com o facto de que neste momento ninguém querer estar exposto ao risco, o que se reflecte na concessão de crédito, por exemplo. É cada vez mais frequente ouvir-se falar da instabilidade das bolsas, do aumento dos juros (quem tem crédito à habitação estará certamente desgostoso com a Euribor), na dificultação inerente à concessão de crédito por parte dos bancos; e mais recentemente foi notícia o abandono, por parte de muitos investidores, de aplicações financeiras como as acções e os fundos de investimento – volta a falar-se dos certificados de aforro ou os depósitos a prazo como aplicações financeiras mais seguras e adequadas à conjuntura actual.
Dito isto, importa sublinhar a dificuldade que existe em se perceber a real extensão do problema. Se por um lado, já constatamos algumas consequências desta crise financeira, por outro, é difícil perceber-se até onde ela (a crise) poderá ir. No contexto americano verifica-se a queda significativa das habitações e do poder de compra das famílias, com a agravante de que parecem existir novas dificuldades na área do emprego, com a perda real de postos de trabalho, e com a criação de um número de postos de trabalho abaixo das expectativas entretanto criadas. Deste modo, e com as dificuldades impostas no acesso ao crédito, a quebra no consumo parece inevitável.
Ainda no que diz respeito às consequências da crise, refira-se a ausência de liquidez nos mercados financeiros e as naturais dificuldades do sector da banca. Este sector não escapa ileso a toda esta turbulência e o crescimento deste sector será, inevitavelmente, posto em causa.
Enfim, a crise parece longe de ser sanada e tudo parece agravar-se com a possibilidade do surgimento de revisões em baixa, em particular consequência do mau desempenho de empresas que operam no mercado americano. Do mesmo modo, muitos analistas alertam também para a possibilidade de que a crise ainda poder sofrer novos agravamentos. Não obstante a velha máxima de que as crises também representam novas oportunidades de negócio para investidores mais audazes. Seja como for, de uma coisa podemos estar certos: a crise já está a ter consequências preocupantes, e o que começou nos EUA está a contagiar outras economias mundiais, incluindo a economia portuguesa, resta apenas saber qual é a real extensão da crise dos mercados financeiros.
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