Avançar para o conteúdo principal

Entrevista de Chomsky

O Jornal israelita Haaretz publica uma entrevista com Noam Chomsky em que o proeminente pensador norte-americano diz acreditar que não se pode excluir a possibilidade da Administração americana, num momento de estertor, poder recorrer à encenação de um atentado terrorista. As palavras são indubitavelmente fortes e a ideia verdadeiramente inquietante.
Noam Chomsky acredita que a partir do momento em que os eleitores americanos percepcionarem o seu Presidente tal como ele verdadeiramente é, ou seja, um "vigarista" e que as suas promessas não têm possibilidade de serem concretizadas, Trump recorrerá a medidas extremas para arregimentar apoios. Assim, Chomsky não exclui a possibilidade de se assistir a um atentado terrorista que "mude o país instantaneamente".
Aquilo que Chomsky profetiza não é inédito na História: quando tudo falha - e tudo falhará, sobretudo no que diz respeito à melhoria das condições de vida dos americanos - procura-se atirar as culpas para imigrantes, confundindo-se deliberadamente imigrantes com terroristas. E claro, nada como passar das palavras aos actos, depositando as culpas nos suspeitos do costume. Recorde-se que a popularidade de Bush subiu exponencialmente depois do 11 de Setembro.
Seja como for, e por muito inquietante que sejam as palavras de Chomsky, tenho dúvidas que esta Administração possa ir tão longe. Tenho dúvidas, não tenho quaisquer certezas.

De resto, e como já por aqui se escreveu, uma guerra ou um atentado terrorista dariam jeito a uma Administração que tem tudo para não durar quatro anos. Sabemos também que há gente nesta Administração que parece capaz de tudo para que a mesma tenha viabilidade - Steve Bannon é um bom exemplo. Ainda assim, não vou tão longe como Chomsky, limitando-me a constatar o óbvio: lá que dava jeito, dava. E no futuro isso tornar-se-á uma evidência ainda maior. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...