Este
foi o fim-de-semana das celebrações dos
60 anos do Tratado de Roma, o que deu origem à C.E.E. Uns dias antes
da celebração da data, uma das mais altas figuras da Europa, o
Presidente do Eurogrupo, deu mais um contributo para as divisões
entre Estados-membros, acusando os países do Sul da Europa de
gastarem o dinheiro em mulheres e em copos. Sinais de uma Europa
repleta de mediocridade e de egoísmo – uma Europa em futuro.
Os
principais responsáveis políticos ensaiaram exercícios bacocos de
celebração a propósito de uma data que
nada diz aos cidadãos,
procurando que se esquecesse que esta é uma Europa à beira do
abismo. Entre críticas tímidas e celebrações sem particular
entusiasmo, todos querem passar a mesma mensagem: apesar dos
problemas, a UE ainda tem futuro.
Seria
desejável que a UE fosse um projecto de futuro, mas não é, graças
a figuras, tantas vezes não sufragadas pelos cidadãos; figuras
essas obliteradas pelo egoísmo, ignorância histórica e pelos
preconceitos.
Ontem
foi um dia de fingimento: fingiu-se que o projecto europeu de coesão
social, união e solidariedade ainda vale um chavo; fingiu-se que não
existem verdadeiramente divisões entre Estados-membros; fingiu-se
que os cidadãos europeus não estão assim tão afastados da Europa;
fingiu-se uma importância que já não existe; fingiu-se uma
competência e visão do mundo que simplesmente já
não têm lugar na Europa.
Ontem fingiu-se um futuro que já não existe.
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