Avançar para o conteúdo principal

60 anos e à beira do abismo

Este foi o fim-de-semana das celebrações dos 60 anos do Tratado de Roma, o que deu origem à C.E.E. Uns dias antes da celebração da data, uma das mais altas figuras da Europa, o Presidente do Eurogrupo, deu mais um contributo para as divisões entre Estados-membros, acusando os países do Sul da Europa de gastarem o dinheiro em mulheres e em copos. Sinais de uma Europa repleta de mediocridade e de egoísmo – uma Europa em futuro.
Os principais responsáveis políticos ensaiaram exercícios bacocos de celebração a propósito de uma data que nada diz aos cidadãos, procurando que se esquecesse que esta é uma Europa à beira do abismo. Entre críticas tímidas e celebrações sem particular entusiasmo, todos querem passar a mesma mensagem: apesar dos problemas, a UE ainda tem futuro.
Seria desejável que a UE fosse um projecto de futuro, mas não é, graças a figuras, tantas vezes não sufragadas pelos cidadãos; figuras essas obliteradas pelo egoísmo, ignorância histórica e pelos preconceitos.

Ontem foi um dia de fingimento: fingiu-se que o projecto europeu de coesão social, união e solidariedade ainda vale um chavo; fingiu-se que não existem verdadeiramente divisões entre Estados-membros; fingiu-se que os cidadãos europeus não estão assim tão afastados da Europa; fingiu-se uma importância que já não existe; fingiu-se uma competência e visão do mundo que simplesmente já não têm lugar na Europa. Ontem fingiu-se um futuro que já não existe.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa