Pese
embora o ímpeto populista e de extrema-direita de alguns países
europeus, representantes políticos como Schaüble, ministro das
Finanças alemão, insiste na receita desastrosa que, em larga
medida, nos trouxe até aqui.
Schaüble
deixou a sua mensagem, novamente a Portugal: "certifiquem-se de
que não será necessário novo resgate". Ainda no mesmo tom
paternalista, mas acéfalo, o ministro alemão acredita ainda que os
bons resultados conseguidos por alguns países "devem-se à
pressão" que os governos sofreram para atingir metas.
Schäuble
faz parte de um conjunto de políticos que ainda não percebeu que os
problemas da Europa estão muito longe dos resultados económicos de
países periféricos e que estas afirmações, a par de outras, e de
uma conduta persecutória, ajudou a fragilizar os partidos políticos
tradicionais que hoje são vistos como incapazes de resolver os
problemas dos cidadãos, abrindo assim espaço para que o populismo,
o ódio, a intolerância medrem como no passado.
Schaüble
finge não existir uma relação entre a degradação das condições
sócio-económicas, com o estreitamento de todo e qualquer conceito
de futuro e o crescimento do euro-cepticismo.
Schäuble
faz parte de um conjunto de políticos que não quer perceber que
quanto mais distante a Europa estiver do projecto europeu, mais se
aproxima do abismo.
Schaüble
insiste nas suas mensagens, nas suas ameaças veladas, agindo muito
para além das competências de um ministro das Finanças de um
Estado-membro da UE.
Numa
altura em que se assiste ao crescimento da extrema-direita e do
populismo e numa altura em que, incompreensivelmente, se cimentam as
divisões com sugestões para o aprofundamento de uma Europa a várias
velocidades, pouca esperança resta para a Europa como projecto de
coesão social e de igualdade. Ficam estes resquícios de uma
Alemanha com tiques de autoritarismo, à procura de uma hegemonia
perdida, num mundo que parece não compreender. É claro que a
destruição do projecto europeu tem os seus protagonistas
conhecidos: no topo da lista estará Wolfgang Schäuble. Ficará na
História, pelas piores razões.
Comentários