Avançar para o conteúdo principal

Dijsselbloem, rua!

O ainda Presidente do Eurogrupo – o mesmo cujo nome nos obriga a recorrer incessantemente à função copia e colar – e pertencente ao partido que sofreu a mais humilhante derrota nas eleições holandesas, acusou os Europeus do sul de gastarem o seu dinheiro em “copos e mulheres” e depois “pedirem ajuda”.
As declarações feitas a um jornal alemão centram-se igualmente na alegada social-democracia de Dijsselbloem, onde a solidariedade se confunde com xenofobia, sexismo e imbecilidade.
Contudo, importa lembrar que Dijsselbloem não está sozinho, tendo contado com a companhia de Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, já para não falar de Schaüble, ministro das Finanças alemão. Este alegre grupinho fez da austeridade uma espécie de texto sagrado no qual a culpa sempre recaiu sobre os trabalhadores, os desempregados, os pensionistas – os tais que viveram acima das suas possibilidades, os tais que gastam tudo o que têm em copos e mulheres.
Dijsselbloem, à semelhança dos restantes membros do alegre grupinho da austeridade insistem numa retórica gasta que não colhe junto de muitos europeus e Dijsselbloem devia ter noção disso mais do que ninguém, ele que vai andar a pedir esmolinhas para se aguentar à frente do Eurogrupo; ele que faz parte da social-democracia aldrabada que tanto foi castigada pelos holandeses.
As afirmações de Dijsselbloem revelam uma criatura pequena e preconceituosa, em fim de vida. No entanto essas afirmações enquadram-se num contexto mais alargado de outras criaturas que, à semelhança de Dijsselbloem, nos têm acusado de sermos culpados pela situação em que nos encontramos, entre os quais se incluem Passos Coelho e o que resta do seu séquito.

Quanto a Dijsselbloem, rua! É esse o caminho. E “copy-paste”, abençoado sejas. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...