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Sobre a liberdade de expressão

A propósito da polémica envolvendo a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Jaime Nogueira Pinto e uma tal de "Nova Portugalidade", não posso deixar de escrever algumas linhas sobre o assunto, designadamente sobre os novos arautos da liberdade de expressão.
Recorde-se que a propósito de uma "conferência" protagonizada exclusivamente por Jaime Nogueira e que contava com a organização da dita "Nova Portugalidade" caiu o Carmo e a Trindade a propósito de uma alegada tentativa de silenciar opiniões veiculadas por Jaime Nogueira Pinto. Percebeu-se mais tarde, pelo menos quem quis perceber, percebeu, que a história andou a milhas de distância de qualquer tentativa de silenciamento.
No entanto desta história mal contada emergiu uma nova classe de arautos da liberdade de expressão, os mesmos que, paradoxalmente, defendem ideias de um passado que cerceou essa mesma liberdade de expressão.
Existe paralelamente uma clara tentativa de cavalgar outros movimentos conotados com o populismo ou até com a extrema-direita que surgem e se tentam consolidar um pouco por toda a Europa e até nos EUA. Tudo misturado com uma espécie de regresso a um conceito muito próprio de Portugalidade que nos remete para aquele passado amiúde excessivamente diabolizado ou excessivamente deificado.
Seja como for, podemos estar certos do seguinte: a estabilidade política, que passa pelo trabalho da solução política de esquerda e pela cooperação do Presidente da República, a par de um ambiente saudável para a discussão própria da pluralidade democrática, são os melhores antídotos contra as ideias bacocas e tantas vezes contraditórias de movimentos saudosistas assentes em premissas pouco consonantes com a própria democracia. 



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