Paulo
Núncio. Contrariamente à cerimónia dos óscares, aqui não há
engano: Paulo Núncio deu o corpo ao manifesto e assim se espera que
o assunto seja encerrado. E aqueles que anseiam por mais
esclarecimentos podem esperar sentados, apesar da tímida
disponibilidade revelada pela ex-ministra das Finanças, Maria Luís
Albuquerque.
Embora
Paulo Núncio tenha dado o corpo ao manifesto, assumindo a culpa, as
Finanças, o sistema informático e o Diabo a sete serão os
verdadeiros culpados. Paulo Núncio assumiu a culpa política,
esperando-se deste modo que, à parte de um conjunto louvável de
intenções, o assunto morra, até porque há outros assuntos na
calha, envolvendo todos eles sms e o ministro das Finanças.
Passos
Coelho e a sua ministra das Finanças, a tal dos swaps, a mesma que
não acerta uma para caixa, mas sem jamais perder a compostura,
remetem-se ao silêncio e deixam que outros repitam até à exaustão
a necessidade de esclarecer este assunto. A ex-ministra diz-se
disponível para esclarecer, mas será tudo um esclarecimento à moda
de swaps, ou seja, uma mão cheia de nada.
Pelo
meio procura-se ainda fazer de Paulo Núncio uma espécie de herói.
Segundo as palavras de Assunção Cristas "o país deve muito ao
Doutor Paulo Núncio pelo trabalho de combate à fraude e à evasão
fiscal". Paralelamente, Núncio ainda assumiu os erros
políticos. Um herói, portanto.
Todos
nos recordamos da forma como as Finanças, sob a tutela de Núncio e
Maria Luís Albuquerque perseguiu impiedosamente aqueles que deviam
quantias menos significativas às finanças, muitos alvo de penhora
das suas casas de família (medida revertida pelo actual Executivo).
A
responsabilidade é do Executivo de Passos Coelho que fez uma
escolha: perseguir sem apelo nem agravo o pequeno contribuinte,
deixando que o mais ricos escolhessem o destino do seu dinheiro, sem
dar quaisquer satisfações. A sorte destes senhores é que tudo isto
passará por negligência, provavelmente dos serviços. E o culpado
é... a Autoridade Tributária, a estatística, a informática e, em
último lugar, Núncio, o tal a quem o país tanto deve.
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