As palavras só podiam ser de Passos Coelho que, numa feira de pastéis de nata, enchidos e bebidas, faz questão de aprofundar a questão. Ora, segundo o anterior primeiro-ministro, aquilo que é designado por Geringonça não tem funcionado para Portugal, apesar "do sucesso intelectual internacional e do interesse académico e político. Passos Coelho vai mais longe dando a entender que esta é uma solução aparentemente boa, mas só à distância, visto de perto é um horror, sobretudo para ele que tanto desespera pelo Diabo.
É evidente que o ministro das Finanças francês que recentemente confessou ter inveja dos resultados da economia portuguesa, só pode proferir tais afirmações porque se encontra a uma distância considerável de Portugal, o que inviabiliza um olhar mais de perto para o horror que é esta geringonça.
De um modo geral, a direita não tem discurso por se encontrar esvaziada de argumentos. Para além dos indicadores económicos genericamente positivos, até o Eurostat revelou esta semana que as despesas do Estado português são ligeiramente inferiores à despesa média dos Estados-membros da Zona Euro, deixando, por esta via, de lado a teoria (muito do agrado do anterior Governo) que postula que o Estado é gordo e que precisa urgentemente de um emagrecimento. É tudo a ajudar.
A geringonça não funciona para Portugal, diz Passos Coelho. E a questão que se impõe é a seguinte: se a Geringonça não está a funcionar para Portugal, então está a funcionar para quem? A própria construção da frase de Passos Coelho, de tão medíocre e descabida de sentido, deixa-nos ainda mais expectantes em relação ao próximo período eleitoral que pode muito bem ser a despedida daquele que foi, incrivelmente, primeiro-ministro de Portugal.
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