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Chegou, venceu e cumpriu

Chegou, venceu e cumpriu. Pelo menos no que diz respeito à redução de salários do Executivo que lidera, embora também já tenha cumprido o que prometeu em matéria de idade de reforma, por exemplo. Hollande, o novo Presidente Francês, mostra ter vontade em cumprir as medidas anunciadas na campanha eleitoral. A medida em concreto é simbólica, mas também moralizadora em tempos de forte clivagem entre cidadãos e os seus representantes políticos.
É evidente que ainda é cedo para se tirar o pulso à concretização das medidas anunciadas por François Hollande, mas não deixa de ser auspicioso que o recém eleito Presidente Francês tenha demonstrado vontade um cumprir exactamente o que prometeu.
Para nós Portugueses e Europeus interessa saber mais sobre o Tratado Europeu cozinhado por Merkel e por Sarkozy (no seu tempo aumentou o salário do Executivo ao contrário de Hollande). Essa é uma questão central para o mandato de Hollande. Caso não lute por outro Tratado, será convivente com o enfraquecimento da democracia - o Tratado impõe uma política económica altamente restritiva que torna o acto eleitoral de certa forma redundante, na precisa medida em que os cidadãos não podem escolher as políticas económicas que consideram convenientes.
Hollande já referiu a necessidade do Tratado contemplar o crescimento económico. Mas isso não chega. Num mundo próximo da perfeição, Hollande já estaria a lutar por uma Europa mais solidária; uma Europa com uma Banco Central digno desse nome, longe dos interesses da Banca privada; uma Europa com um Orçamento significativo; uma Europa onde a uniformização fiscal fosse uma realidade; uma Europa com um banco de investimento que servisse para isso mesmo - investimento; uma Europa que lutasse pelo combate às assimetrias sociais entre os diversos Estados-membros; uma Europa que se afastasse da tecnocracia e que se aproximasse dos cidadãos.
Infelizmente, ainda estamos muito longe dessa quase perfeição.

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