Avançar para o conteúdo principal

Ir para a rua

Nem de propósito, o secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro, disse em entrevista que estava disposto a ir para a rua caso o Governo ponha em causa as funções sociais. O líder do PS tem já amanhã, dia 12 de Maio, uma oportunidade de ouro de ir para a frente de uma manifestação, desta vez global, isto porque o Governo já está a pôr em causa as funções do Estado.
O Executivo de Passos Coelho, escondido invariavelmente no memorando da Troika e na teoria da inevitabilidade, tem continuamente posto em causa as tais funções sociais de que Seguro falou. É assim na Saúde, com cortes substanciais e taxas moderadoras que nada fazem pelo pretenso equilíbrio do SNS, apenas afastam quem necessita de serviços médicos; é assim na educação e ensino superior - são muitos os que abandonam os estudos por dificuldades económicas; e será brevemente assim na Segurança Social com pretensões de privatizar, descapitalizando o sistema e voltando a engordar os do costume.
A isto acresce o aumento de impostos, reduções de salários, desemprego, pobreza, fome, o que consubstancia um retrocesso social sem paralelo nas últimas décadas.
Por conseguinte, sobram razões para que António José Seguro possa juntar-se àqueles que amanhã se manifestam em sete cidades portuguesas e em muitas outras na Europa e no mundo. Há apenas um pequeno senão: Seguro insiste em não romper com o acordo da Troika, por uma questão de coerência, esquecendo-se no entanto que é precisamente esse alinhamento que enfraquece a posição de uma parte da esquerda.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma