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Quantos pais?

A discussão em torno de um cartaz polémico do Bloco de Esquerda, com a imagem de Jesus e uma questão sobre quantos pais tinha o mesmo, esconde-se atrás do argumento do bom gosto ou da falta dele, mas é muito mais do que isso, sendo na verdade mais um indício de que este pais é pequeno, sob demasiados pontos de vista. Todos criticamos o cartaz acusando o mesmo de ser de mau gosto, mas o que a maior parte de nós quer mesmo dizer é que o respeitinho é bem bonito e que existem assuntos intocáveis. O que muitos de nós negam é que gostamos do mundo bem cinzento – a cor do bom gosto.
Por outro lado, existem outras questões que mereciam igual ou maior reacção; igual ou maior reflexão. A título de exemplo, deixo uma sucinta lista:
- Quantos pais tem a austeridade? Quantos lutaram para uma “solução” chamada troika?
- Quantos pais tem a falência do BPN? Do BCP? Do BES? Do BANIF? E de outras que estão prestes a acontecer?
- Quantos pais tem o empobrecimento do país? Os mesmos pais que consideraram determinante ir mais longo do que a troika?
- Quantos pais mandam efectivamente na Europa? E como é que nós, filhos menos desejados, podemos sobreviver nessa Europa? Será mesmo possível viver, sob o mesmo tecto, com pais que nos desprezam?

Estes são apenas alguns exemplos de questões essenciais para pensarmos o futuro do país, ao invés de encetarmos caminhos que apenas mostram um país pequeno, atávico e tacanho.

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