Avançar para o conteúdo principal

Desequilíbrio

Sou apologista de uma comunicação social isenta e rigorosa, coisa inexistente em Portugal. Uma comunicação social isenta e rigorosa contribui para o aprofundamento do pluralismo tão necessário à democracia, mas ao invés mostramos satisfação com a existência de órgãos de comunicação social ideologicamente comprometidos e que tratam os telespectadores, leitores e ouvintes como se fossem néscios.
Paralelamente o desequilíbrio tornou-se evidente nos últimos anos: a direita domina toda a comunicação social contribuindo assim para a existência de uma opinião pública ideologicamente envenenada. Na televisão, maná de muitos portugueses, tudo se resume ao seguinte: entre programas do entretenimento mais bacoco inserem-se blocos de pseudo-informação sem qualquer rigor e com o único objectivo de moldar as posições políticas. A título de exemplo atente-se à forma como o OE2016 tem sido tratado pela comunicação social, comparativamente a todos os orçamentos de Passos Coelho, invariavelmente inconstitucionais, e os seus inúmeros rectificativos. 
Hoje começa a discutir-se a necessidade do surgimento de um órgão de comunicação social de esquerda, declaradamente de esquerda. Em condições normais não me mostraria particularmente interessada, mas no contexto actual, indelevelmente conspurcado por uma forma prosaica de neoliberalismo, vejo-me forçada a reconhecer a importância de encontrar algum equilíbrio, por anódino que seja. De resto, não podemos ignorar que o próximo Presidente da República deve tudo à comunicação social, incluindo a própria presidência.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...