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Desequilíbrio

Sou apologista de uma comunicação social isenta e rigorosa, coisa inexistente em Portugal. Uma comunicação social isenta e rigorosa contribui para o aprofundamento do pluralismo tão necessário à democracia, mas ao invés mostramos satisfação com a existência de órgãos de comunicação social ideologicamente comprometidos e que tratam os telespectadores, leitores e ouvintes como se fossem néscios.
Paralelamente o desequilíbrio tornou-se evidente nos últimos anos: a direita domina toda a comunicação social contribuindo assim para a existência de uma opinião pública ideologicamente envenenada. Na televisão, maná de muitos portugueses, tudo se resume ao seguinte: entre programas do entretenimento mais bacoco inserem-se blocos de pseudo-informação sem qualquer rigor e com o único objectivo de moldar as posições políticas. A título de exemplo atente-se à forma como o OE2016 tem sido tratado pela comunicação social, comparativamente a todos os orçamentos de Passos Coelho, invariavelmente inconstitucionais, e os seus inúmeros rectificativos. 
Hoje começa a discutir-se a necessidade do surgimento de um órgão de comunicação social de esquerda, declaradamente de esquerda. Em condições normais não me mostraria particularmente interessada, mas no contexto actual, indelevelmente conspurcado por uma forma prosaica de neoliberalismo, vejo-me forçada a reconhecer a importância de encontrar algum equilíbrio, por anódino que seja. De resto, não podemos ignorar que o próximo Presidente da República deve tudo à comunicação social, incluindo a própria presidência.



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