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Ainda os desequilíbrios

Existe um exercício profícuo que nos permite dar consistência à ideia de que este Governo nunca contará com o beneplácito da comunicação social, à semelhança do que tem acontecido no passado. Esse exercício consiste num visionamento de canais de televisão, generalistas e informativos, e consiste também na leitura da comunicação social escrita. Na verdade, nem este Governo nem qualquer outro deveria contar com esse mesmo beneplácito; a comunicação social é caracterizada pelo rigor e pela isenção e não o contrário. Porém, o facto é que o Governo de António Costa nem teve direito a qualquer estado de graça, quanto mais alguma espécie de aprovação pelos nossos reputados meios de comunicação social.
O OE2016 foi historicamente aprovado pelos partidos à esquerda do PS. O facto é histórico e não há como negá-lo, mas que "história terá o OE da geringonça?", pergunta Bernardo Serrão do Expresso. O cepticismo e uma espécie de niilismo (até certo ponto involuntário) aliados a uma inépcia generalizada compõem a agenda da comunicação social - fazer oposição ao Governo de António Costa, apoiado pelos partidos à esquerda.
Escusado será abordar a falta de qualidade daquilo que chamamos comunicação social, até porque ela é por demais evidente. No entanto, a existência de um bloco, alegadamente informativo que mais não faz do que oposição a uma solução política, torna-se preocupante, sobretudo pelo impacto que esse enviesamento provoca numa opinião pública despolitizada e afastada da cidadania.
Vivemos tempos em que impera um desequilíbrio incomensurável no que diz respeito à informação prestada pelos órgãos de comunicação social: a informação é ´deliberadamente enviesada e os comentários são de uma parcialidade arrepiante. É claro que esse desequilibro serve os donos dessas empresas que tinham todo o gosto em ter como primeiro-ministro um homem de negócios como Pedro Passos Coelho.



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