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Afinal é possível

Negociar sempre foi palavra maldita para o anterior primeiro-ministro, o peso da bacoca teoria da inevitabilidade aliada a uma mediocridade exasperante assim o exigiam. Desse modo, passámos mais de quatro anos a ouvir que tinha de ser assim porque tinha de ser assim. Invariavelmente munido de argumentos pueris, Passos Coelho engole agora um sapo de tamanho colossal, para utilizar um adjectivo que o líder do PSD tanto apreciava.
E agora? Afinal é possível negociar e António Costa, sem sucumbir aos profetas da desgraça, mostrou que é possível fazer diferente. E agora? Como fica o pueril linha argumentativa de Passos Coelho? Como fica a melhor amiga de Passos Coelho, a TINA (There is No Alternative)?
Com a passagem do OE2016 pelo crivo da UE, Costa mostrou como é que se fazem as coisas. Mas, Passos Coelho, encurralado por uma inusitada mediocridade, estará muito longe de reconhecer que estava errado. Tudo indica que Costa ganhou.

Costa mostrou que não é com uma subserviência canina que se consegue o que quer que seja. E não são as parcas cedências do actual Governo - aproveitadas por uma comunicação social servil - que retiram mérito a António Costa e a Mário Centeno. Afinal é possível, resume-se tudo à escolha das pessoas certas e Passos Coelho nunca foi uma, embora viva convencido que é um Messias com a bandeira de Portugal na lapela. Pelo caminho ficou uma oposição que procurou dificultar inexoravelmente a aprovação do OE2016 por Bruxelas, num exercício que se aproxima perigosamente da traição.

Comentários

Dalaiama disse…
Mais um excelente artigo. E uma das partes particularmente lindas é: "convencido que é um Messias com a bandeira de Portugal na lapela". Vi-o rodeado de jornalistas, com respostas ressabiadas, com um minúsculo e patético pin que apenas ostenta a sua mediocridade. Um mordomo. Um oportunista, egoísta e mordomo.

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