A coligação PSD/CDS participou num novo exercício que desafia claramente as leis do real, isto por ocasião da apresentação do programa de governo que contou com declarações de Passos Coelho e Paulo Portas. A retórica do costume resume-se a uma cacofonia de acusações dirigidas ao anterior governo e a promessas patéticas - tudo num desafio permanente do real. Passos Coelho reclama para si a luta por Abril, insinuando ter alguma espécie de respeito pela herança de Abril (?), isto dito por quem mais contribuiu para destruir os princípios que emanam desse período da história do país. O ainda primeiro-ministro insiste em desafiar o real: todo o mal do mundo deriva do mesmo sítio: o largo do rato, nº 2. Os socialistas são acusados de tudo: da bancarrota e do resgate, na verdade impulsionado por Portas e Passos Coelho, da única forma que conhecem - através da insídia. Com mais um bocadinho de imaginação, pode-se inclusivamente depreender que o PS é responsável por toda a crise que assolou...
Para a construção de uma sociedade justa e funcional é necessário que a política e que os políticos se centrem na consolidação de três elementos: a protecção do ambiente, o bem-estar social com a necessária eficácia económica e a salvaguarda do Estado democrático. No entanto, estamos a falhar clamorosamente o primeiro objectivo, o que faz com tudo o resto seja inexoravelmente sem importância.