Avançar para o conteúdo principal

Reestruturação de dívida? Não.

É desta forma primária que Passos Coelho vê a possibilidade de reestruturar a dívida e mais: o primeiro-ministro de Portugal, segundo o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, recusou o alívio da dívida grega, e por inerência, da própria dívida portuguesa. De resto, com que a argumentação pode o primeiro-ministro de Portugal recusar o alívio da dívida de um país da Zona Euro e pugnar por um qualquer alívio da dívida portuguesa? A tal que não é sustentável.
Juncker afirmou que países como Portugal e Espanha recusaram a discussão sobre a reestruturação da dívida antes das eleições legislativas que se avizinham. Passos Coelho afirma que se tratou de uma confusão do Presidente da Comissão Europeia e pode contar com o apoio do indefectível Cavaco Silva.
Este episódio apenas vem demonstrar que Passos Coelho não se está a lixar para eleições, como está disposto a tudo para vencer, e esse tudo inclui colocar os seus interesses e os do seu partido à frente dos interesses do país. 
Recorde-se que o ainda primeiro-ministro português sempre rejeitou a possibilidade de qualquer reestruturação da dívida, nem sequer queria ouvir falar desse cenário, inviabilizando desse modo qualquer discussão sobre um assunto central.

Se já sobejavam razões para não depositar o voto em tamanha irresponsabilidade sempre acompanhada por um rol vergonhoso de mentiras, o que dizer agora de mais esta peripécia de Passos Coelho?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...