A
propensão para a mentira é invariavelmente patético, sobretudo
quando até na mentira se consegue ser medíocre. O primeiro-ministro
teve uma semana pejada de momentos risíveis: primeiro o seu
desbloqueamento, fruto de uma ideia, da difícil negociação com a
Grécia; posteriormente - escassas horas depois - uma entrevista
pejada de tiros ao lado... da verdade, a começar pelas contas mal
feitas no memorando, quando Eduardo Catroga, a seu pedido, participou
precisamente na elaboração dessas contas. Patético.
A
tibieza da linha de argumentação dos partidos que ainda governam o
país abre espaço a todo o género de artificialismos, muitos deles
absolutamente pueris. O que espanta não é tanto o recurso aos
aludidos artificialismos, mas à inexistência de qualquer noção de
ridículo. Quando nos vangloriamos de ter tido uma participação
chave num dos piores momentos da história recente da Europa, não
nos apercebemos da conjuntura e ainda somos desmentidos por quem
realmente tem peso nesse contexto, impera o ridículo.
Quando
queremos, nem que seja através da força, relegar toda a
responsabilidade pelo estado do país para quem até já está preso,
e fingindo que o empobrecimento dos últimos anos não é sua
responsabilidade fazemos uma figura patética.
Contudo,
o ridículo e o patético não inquietam quem não consegue,
naturalmente, ver para além da mediocridade. Por falar em ridículo
e patético, é sempre bom lembrar que também estamos a escassos
meses de eleições presidenciais.
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