Avançar para o conteúdo principal

Era preferível termos uma silly season

Este Verão não será marcado pela já habitual silly season por razões óbvias: as próximas eleições que se avizinham, designadamente as legislativas do próximo 4 de Outubro, o que pressupõe uma contínua actividade dos partidos políticos. Todavia e a julgar pelas últimas semanas marcadas por um vazio incomensurável, associado a torrentes sem fim de banalidades e mentiras, seria preferível termos a já habitual silly season. Seria preferível, a bem da sanidade mental colectiva.
O PS não se cansa de titubear em relação aos assuntos mais prementes: desde a sustentabilidade da Segurança Social; passando pela dívida e pela necessária reestruturação; culminando num novo vazio sobre a Europa e o euro.
Os partidos da coligação, sobretudo o PSD, através do seu líder, escudam-se num pretenso sucesso fruto das suas políticas que permitiram que o país sobrevivesse ao Apocalipse da que resultou da responsabilidade de José Sócrates. Entre mentiras e inanidades, Passos Coelho tenta construir uma fábula baseada no trabalho árduo e subsequente recompensa ("uma nova fase do país". Talvez fosse recomendável uma consulta psiquiátrica: alucinações, desfasamento da realidade, uma estranha megalomania e uma propensão incontrolável para a mentira são motivos de inquietação que justificam um despiste psiquiátrico.
Os partidos mais à esquerda contam com uma comunicação social pouco interessada em contrariar o pensamento único, o que enfraquece a sua presença no espaço público que ainda é dominado pela televisão.
Resta-nos assistir à farsa: partidos sem ideias, a transbordar de mediocridade e com esta novidade: mente-se compulsivamente sem quaisquer consequências. Chega-se a ter saudades da silly season.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...