Passos
Coelho vangloriou-se de um feito incrível: ter uma ideia e
desbloquear as negociações entre Estados-membros e a Grécia. O
resultado foi o que se conhece: mais um exercício de humilhação
que nos deve deixar a todos envergonhados. Passos Coelho contribuiu,
segundo o próprio afirma, para o desfecho dessas negociações. Ora,
o desfecho representou um dos momentos mais tristes da Europa desde a
sua criação. Parabéns Sr. primeiro-ministro.
Para
ajudar à festa o Presidente da República - aquele que nos faz
ansiar ardentemente pelo passar dos meses até à sua saída - volta
a criticar a Grécia e, no alto da sua sapiência, fala em erro
estratégico. Em bom rigor, quando Cavaco Silva fala em erro
estratégico sabe do que fala, desde logo porque de erros
estratégicos, e não só, percebe ele: desde a destruição da
capacidade produtiva do país, passando pelas paixões do ainda
Presidente da República por Maastricht, pela moeda única e por aí
fora. Não restam dúvidas, trata-se de um verdadeiro entendido em
erros estratégicos.
Se
já não existiam motivos de orgulho nos actuais representantes
políticos, agora ainda menos. Vangloriam-se internamente de feitos
vergonhosos quando externamente estão confinados a um estatuto (por
eles alimentado) da mais abjecta insignificância.
Passos
Coelho e Cavaco Silva, homens ligados a interesses mais mesquinhos,
estão muito longe de conhecer conceitos como "solidariedade",
a base da construção europeia. Não restam motivos de orgulho numa
classe política que se afunda na mediocridade e nem se apercebe que
as pretensas razões que justificam o seu orgulho são contrárias ao
espírito europeu.
Comentários