O
mesmo Passos Coelho que conta com todo o tempo de antena nas
principais televisões e que se insurge contra o peso do Estado,
insinuando vezes e vezes sem conta que o Estado está onde não deve
estar, prepara-se para gastar mais 53 milhões de euros com escolas
privadas.
Recorde-se
que este é o mesmo governo que procedeu a cortes de centenas de
milhões de euros na Educação; o mesmo Governo que desinvestiu no
ensino superior; o mesmo Governo incapaz de esconder a sua repulsa
pela investigação cientifica e pela cultura.
Os
homens de negócio, perdão, os membros do Executivo de Passos Coelho
têm feito transferências crescentes de dinheiros públicos para o
privado, enquanto apregoam que o Estado gasta muito e faz mal - parte
da receita do neoliberalismo na sua versão mais provinciana.
Nem
tão-pouco será por acaso que assistimos ao enfraquecimento do
Estado Social - Saúde, sem capacidade de resposta; Educação num
declínio vertiginoso de qualidade e Segurança Social,
invariavelmente considerada sem sustentabilidade e em constante
ameaça de não dar resposta no futuro. Empurra-se o cidadão para
serviços privados que, amiúde, se mostram despidos da qualidade a
que o público nos habituou, que se torna mais visível em áreas
como a Saúde.
De
qualquer modo, existem serviços públicos que não se podem
transformar em negócio - são demasiados os exemplos que mostram a
falácia do privado.
Este
enfraquecimento faz parte da estratégia, sendo aliás essencial.
Diz-se que o Estado não tem capacidade de dar resposta nas
principais áreas sociais - por ineficiência, por falta de dinheiro
- ao mesmo tempo que se transfere quantidades incomensuráveis de
recursos do Estado para o privado.
Este
foi um dos principais desígnios do actual Executivo e se os
portugueses, num qualquer acesso de insanidade mental temporária,
decidirem dar mais quatro anos aos partidos da coligação,
assistiremos à transformação do desígnio na mais cruel das realidades.
Comentários
Agradeço-lhe o comentário, sempre pertinente.
Muito obrigada.