Se
tudo correr de acordo com o previsto, os gregos serão chamados, no
próximo domingo, a se pronunciarem sobre o acordo que as
instituições europeias e FMI tentaram impor. Ou seja, serão
chamados a conceder ou não a sua anuência a mais cortes nas
pensões, a aumento de impostos, a uma não solução para a dívida,
a mais empobrecimento e à perpetuação da escravatura.
Nesse
mesmo referendo estarão implícitas questões aparentemente mais
abstractas: sucumbimos ao medo? Aceitamos mais humilhações?
Preferimos uma solução aparentemente mais confortável de aceitação
incondicional ou preferimos a rejeição e as consequências
desconhecidas?
Nesse
mesmo referendo, os gregos serão chamados a se pronunciarem sobre as
armadilhas montadas contra a Grécia como o caso dos lucros do BCE. O
que terão os gregos a dizer sobre o facto do BCE reter indevidamente
1,8 mil milhões de euros referentes à fatia que cabe à Grécia -
um valor que seria suficiente para pagar os 1,5 mil milhões que o
FMI reclama? O que os gregos terão a dizer desta forma de tratamento
diferenciado que consubstancia mais uma humilhação?
O
povo grego também se pronunciará sobre a manutenção do governo do
Syrisa. Yanis Varoufakis, ministro das Finanças, já admitiu que se
demitirá em caso de vitória do "sim". O mesmo se passará
com o resto do Governo. O cenário de eleições antecipadas é mais
do que provável em caso de vitória do sim. E depois? O que é se
seguirá? Talvez os tecnocratas e lideranças anódinas europeias
conheçam a resposta.
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