Avançar para o conteúdo principal

Referendo

Se tudo correr de acordo com o previsto, os gregos serão chamados, no próximo domingo, a se pronunciarem sobre o acordo que as instituições europeias e FMI tentaram impor. Ou seja, serão chamados a conceder ou não a sua anuência a mais cortes nas pensões, a aumento de impostos, a uma não solução para a dívida, a mais empobrecimento e à perpetuação da escravatura.
Nesse mesmo referendo estarão implícitas questões aparentemente mais abstractas: sucumbimos ao medo? Aceitamos mais humilhações? Preferimos uma solução aparentemente mais confortável de aceitação incondicional ou preferimos a rejeição e as consequências desconhecidas?
Nesse mesmo referendo, os gregos serão chamados a se pronunciarem sobre as armadilhas montadas contra a Grécia como o caso dos lucros do BCE. O que terão os gregos a dizer sobre o facto do BCE reter indevidamente 1,8 mil milhões de euros referentes à fatia que cabe à Grécia - um valor que seria suficiente para pagar os 1,5 mil milhões que o FMI reclama? O que os gregos terão a dizer desta forma de tratamento diferenciado que consubstancia mais uma humilhação?

O povo grego também se pronunciará sobre a manutenção do governo do Syrisa. Yanis Varoufakis, ministro das Finanças, já admitiu que se demitirá em caso de vitória do "sim". O mesmo se passará com o resto do Governo. O cenário de eleições antecipadas é mais do que provável em caso de vitória do sim. E depois? O que é se seguirá? Talvez os tecnocratas e lideranças anódinas europeias conheçam a resposta.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa