A
questão grega pode vir a baralhar as contas nas eleições
legislativas que se avizinham e contrariamente à opinião dominante,
creio que a coligação PSD/PS sairá sempre a perder,
independentemente do desfecho grego.
Se
a Grécia conseguir qualquer coisa de positivo, designadamente a
reestruturação da dívida, os portugueses colocarão questões
sobre a postura do Governo português ao longo destes quatro anos -
uma postura de total subserviência e, em muitos aspectos, de
aprofundamento das políticas destrutivas impostas pela troika. Neste
cenário não chega dizer que a culpa é do PS e que se resolveu o
problema com a saída da troika. Todos sabem que a troika nunca saiu
verdadeiramente do país. Na verdade, há quem se questione sobre as
razões que levam o Governo português a não fazer mais pelo país.
Por
outro lado, se a Grécia sair do euro, as consequências para
Portugal não serão desprezáveis e a anódina linha de argumentação
da coligação poderá não ser suficiente para conter o que para aí
pode vier, sobretudo depois de desvalorizar continuamente as
consequências de tal cenário.
De
qualquer modo, percebe-se que o medo e a culpabilização - que
representa toda a estratégia do Governo - poderão revelar-se
insuficientes. A lição grega mostra isso mesmo: o medo não é
eterno.
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