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Moção de censura parte II

Agora foi a vez do Bloco de Esquerda anunciar a sua intenção de apresentar uma moção de censura por oposição a uma moção de confiança. É indiscutível que a estratégia do Bloco de Esquerda (BE) parece ser indissociável das últimas movimentações do PCP.
Outra evidência prende-se com o efeito surpresa que a acção do BE provocou. De facto, ninguém estaria à espera da utilização daquela estratégia política, muito menos o primeiro-ministro cuja exasperação tornou-se, como de resto é habitual, indisfarçável.
A moção de censura do Bloco de Esquerda dificilmente contará com a aprovação do PSD, quer pelo momento, quer por ter sido uma forma que o Bloco de Esquerda encontrou para voltar aos palcos principais da política, depois de umas eleições presidenciais que não foram propriamente favoráveis. Paralelamente, o PCP estava a ocupar demasiado esses palcos principais da política.
Consequentemente, a moção de censura dificilmente será aprovada, é mais um episódio da paupérrima vida política portuguesa. É muito provável que o Governo não cumpra toda a legislatura e que ainda possa cair este ano, mas dificilmente será desta forma.

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