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O futuro do PSD

O futuro do PSD confunde-se até certo ponto com o futuro do país. Um partido sem rumo, desnorteado há mais de uma década e que é palco para um número particularmente elevado de nulidades. Em tudo semelhante ao país. A liderança já era a curto prazo quando nasceu e agora avizinha-se esgotada. É neste contexto que Pedro Passos Coelho - para muitos sociais-democratas o senhor que se segue - afirma que ainda "é muito para falar sobre o futuro do partido". Certo, mas todos sabemos que o futuro do partido passa por Passos Coelho; ou dito de outra forma, Passos Coelho pretende ser parte activa do futuro do partido.

No dia das legislativas, Passos Coelho terá certamente ficado com sensação que o seu momento estaria mais próximo do que nunca, e talvez esteja. Entretanto, surge um Marcelo Rebelo de Sousa activo - mais do que normal - como hipótese ainda não negada pelo próprio para a liderança do PSD. Ora, a equação complica-se para Passos Coelho, até porque Paulo Rangel afirma não se candidatar à liderança do partido se Rebelo de Sousa o fizer, deixando Pedro Passos Coelho numa situação delicada.

Pedro Passos Coelho é visto como uma esperança para o PSD, para muitos é uma espécie de Sócrates no bom sentido (isto na remota possibilidade de haver um bom sentido). E de facto o que se vê de Passos Coelho, à semelhança de José Sócrates, é a forma em oposição à substância e as boas farpelas. As poucas propostas do político que tinha (tem?) dificuldades em se assumir como liberal, passava por privatizações e mais privatizações, incluindo da Caixa Geral de Depósitos.

O melhor que poderá acontecer ao PSD é o surgimento de um efeito "Sócrates" (versão 2005), mas isso é, simultaneamente, o pior que pode acontecer ao país. Ou pelo menos desafia a imaginação na procura de cenário político mais negativo.

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