José Saramago está habituado às polémicas e a que o seu nome seja repetido incessantemente, por vezes pelas piores razões. Foi precisamente isso que se passou com o Evangelho Segundo Jesus Cristo, com as ideias obtusas da Ibéria, com a sua cegueira ideológica, com a sua relação sinuosa com Portugal e agora com as suas declarações sobre a Bíblia. A Igreja católica reagiu, a comunidade judaica também o fez e até um eurodeputado , um Sr. Mário David, expressou a sua "vergonha" por Saramago ser seu compatriota e sublinhou mesmo que Saramago deveria renunciar à cidadania portuguesa.
O Sr. David tem todo o direito de se sentir incomodado com as palavras de Saramago, assim como o escritor tem todo o direito de expressar a sua opinião sobre estas e outras matérias. É esse o espírito democrático, e não, como o Sr. David afirma, pretender ver-se livre de quem expressa opinião contrária à nossa. Eu também já critiquei, neste mesmo espaço, o Prémio Nobel da Literatura a propósito de assuntos como a Ibéria ou a dificuldade que José Saramago tem em fazer críticas a regimes totalitários, ou com resquícios de totalitarismo ideologicamente próximos do seu . Mas essa discórdia não justifica sentimentos de vergonha e desejo que escritor renuncie totalmente ao seu país.
Paralelamente, e por falar em renúncia ao país, convém relembrar que o país, designadamente a classe política, não teve um comportamento exemplar com o escritor. Recorde-se o incómodo que o Evangelho Segundo Jesus Cristo provocou não apenas nas hostes religiosas.
Em todo o caso, existem muitas outras razões para nós sentirmos vergonha, a começar pela inabilidade de uma classe política intelectualmente pobre e habituada a viver sem o escrutínio dos cidadãos.
O Sr. David tem todo o direito de se sentir incomodado com as palavras de Saramago, assim como o escritor tem todo o direito de expressar a sua opinião sobre estas e outras matérias. É esse o espírito democrático, e não, como o Sr. David afirma, pretender ver-se livre de quem expressa opinião contrária à nossa. Eu também já critiquei, neste mesmo espaço, o Prémio Nobel da Literatura a propósito de assuntos como a Ibéria ou a dificuldade que José Saramago tem em fazer críticas a regimes totalitários, ou com resquícios de totalitarismo ideologicamente próximos do seu . Mas essa discórdia não justifica sentimentos de vergonha e desejo que escritor renuncie totalmente ao seu país.
Paralelamente, e por falar em renúncia ao país, convém relembrar que o país, designadamente a classe política, não teve um comportamento exemplar com o escritor. Recorde-se o incómodo que o Evangelho Segundo Jesus Cristo provocou não apenas nas hostes religiosas.
Em todo o caso, existem muitas outras razões para nós sentirmos vergonha, a começar pela inabilidade de uma classe política intelectualmente pobre e habituada a viver sem o escrutínio dos cidadãos.
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