Primeiro
foram as suspeições em torno de estranhas relações entre
colaboradores de Trump e altas figuras do Estado russo. Depois Trump
demitiu o director do FBI que estava precisamente a intensificar a
investigação - um afastamento que tem todas as características de
obstrução à justiça. E depois de muita mediocridade e até de
comportamentos que indiciam patologias, Trump é agora novamente
visado pelo Washington Post, desta feita por alegadamente ter
partilhado informação "altamente secreta" com,
adivinhe-se... altos responsáveis russos. E para dar ainda mais
força à notícia, Trump, no twitter, dá conta de que é
seu direito absoluto partilhar informações que bem entender sobre
"terrorismo e segurança aérea" com Moscovo. Tudo já
depois da Casa Branca ter desmentido a notícia. Uma trapalhada
incomensurável.
Segundo
o jornal americano que cita fontes próximas da Administração,
Donald Trump terá partilhado informação "altamente secreta"
sobre o Daesh ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo e o
embaixador russo. Segundo essas fontes, a informação partilhada
terá sido fornecida por um aliado americano que estava longe de dar
qualquer autorização para que essa informação fosse divulgada.
Tanto mais que até a partilha no seio do próprio governo americano
era altamente restrita; uma informação que nem sequer havia sido
fornecida aos próprios aliados americanos.
Para
tornar tudo ainda mais sinistro, Trump terá feito as revelações ao
embaixador russo Sergey Kislyac - figura central na investigação à
ingerência de Moscovo.
Esta
trapalhada é, na melhor das hipóteses, mais um sinal da
imbecilidade do Presidente americano, ou é mais um acto suspeito
perpetrado por alguém rodeado de gente sob investigação e que não
se livra agora da suspeita de obstrução à justiça. Seja como for,
é grave.
Mas
há mais: O New York Times avança que o Presidente, em Fevereiro,
terá pedido ao director do FBI para acabar com a investigação a
ligações russas de Michael Flynn, seu conselheiro. A notícia é
dada a partir de um memorando do ex-director do FBI James Comey
entretanto demitido do cargo pelo próprio Trump. Obstrução a
justiça começa a parecer um eufemismo.
Não
admira pois que a palavra "destituição" esteja na ordem
do dia. Ficando a dúvida relativamente aos próprios republicanos
- se serão coniventes com estes desastres e com tentativas de
obstruir a justiça ou se tomarão uma outra posição que terá de
redundar no afastamento de Donald Trump.
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