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Dia do trabalhador

Ontem comemorou-se mais um dia do trabalhador, com mais promessas de melhorar a vida dos trabalhadores. Mais promessas que esbarram numa guerra do capitalismo selvagem que não conhece cartel. Ontem lembrou-se também os 500 mil trabalhadores americanos que há quase 130 anos protestaram contra a excessiva carga horária, reivindicando as 8 horas de trabalho. 10 morreram às mãos da polícia de Chicago. Ontem, dia do trabalhador, foi igualmente o dia escolhido por Passos Coelho para reclamar para si a redução significativa da taxa de desemprego; ele, Passos Coelho, o tal primeiro-ministro que não só aplicou medidas contra os trabalhadores - medidas que redundavam em desemprego, baixando o custo do trabalho, promovendo a precariedade - como foi o mesmo primeiro-ministro que convidou os portugueses a emigraram.
O certo é que a cada ano que passa – a cada celebração do dia do trabalhador – a vida dos trabalhadores complica-se com mais precariedade, menos rendimento, menos segurança, mais humilhações, menos dignidade.
A esmagadora maioria dos empregos criados pertencem ao mundo da precariedade. Poucos são aqueles que oferecem segurança, sobretudo quando é cada vez mais fácil rodar trabalhadores, sempre procurando o mais barato, tudo em nome da produtividade e do competitividade do país.
Passos Coelho, o mesmo que aproveitou o dia do trabalhador para se gabar, foi um dos mais acérrimos defensores do aumento da precariedade, tudo em nome, claro está, da produtividade das empresas portuguesas e da competitividade do país. E a verdade é que durante quase cinco anos de governação, nada de significativo mudou quer em matéria de produtividade, quer em matéria de competitividade – assistindo-se apenas a um aumento exponencial da precariedade dos trabalhadores e ao enriquecimento de uma minoria à custa da exploração. Sim, o termo que mais se adequa é mesmo “exploração”.
O actual Governo não segue a mesma linha. Todavia, o Executivo de António Costa mantém-se longe de proceder a mudanças que invertam o rumo anteriormente seguido. O que tem vindo a ser proposto é ainda insuficiente.

Dia do trabalhador. Sem particular vontade de celebrar, mas com a indelével certeza de que há ainda muito para protestar e para reivindicar. 

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