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Macron e a esperança da Europa

Esta UE prostrada precisa de um foco de esperança que pode vir, acreditam alguns, da jovialidade de Emmanuel Macron - europeísta convicto e adorado pela comunicação social. Os que acreditam que Macron pode de facto trazer algum vigor a uma Europa definhada crêem também que o agora Presidente francês recuperará o eixo franco-alemão, fortalecendo naturalmente as relações com Angela Merkel. Uma visão que não agradará a muitos franceses, mas que poderá vir a ser uma realidade. E más notícias para o Sul da Europa. 
É indubitável que a Europa precisa de novo vigor, mas esse vigor não virá de Macron. Às anódinas lideranças europeias apresentam-se desafios para os quais não estão preparadas: Brexit, Trump, Erdogan, Putin e por aí fora. 
Macron, por sua vez, não traz nada de novo relativamente a essas lideranças: perfilha a mesma paixão pelo liberalismo anglo-saxónico e insistirá nas mesmas receitas que levaram a UE a um beco sem saída com respiração artificial fornecida por medidas extraordinárias do BCE.
Macron pode ser, para já, uma esperança para uma Europa desesperada por um novo vigor, mas tudo se esfumará num ápice quando se perceber que Macron estará empenhado em fazer jus ao neoliberalismo que tem ditado as regras, pelo menos desde Maastricht. Macron é, quando muito, mais do mesmo e não tardará até se perceber isso mesmo, desde logo com a tal reedição do eixo franco-alemão.

Até lá, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas de uma Europa que cria assim mais uma bolha de ilusões que rapidamente rebentará na nossa cara, sobretudo na dos mais desprevenidos.

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