O
sol deixou de brilhar lá para os lados da Rua de S. Caetano. O líder
do PSD parece-nos hoje ainda mais cinzento e apagado do que no tempo
em que desempenhava as funções de primeiro-ministro. As boas
notícias do país são o princípio do fim de uma liderança que fez
da austeridade o seu leitmotiv. Troika, culpabilização e
austeridade foram a santíssima trindade, tudo muito bem regado com
doses incomensuráveis de intransigência e mediocridade. O resultado
está à vista: uma liderança que só existe por falta de
interessados.
Agora
é o forte crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre a
tirar novamente o tapete a Passos Coelho. Ainda assim os seus
apaniguados reclamam créditos, ignorando, convenientemente, que o
aumento da confiança que passa pela devolução de rendimentos e que
a mudança para um discurso positivo são centrais à fundamentação
dos bons resultados. Paralelamente, o crescimento do emprego e,
importa não esquecer, o fim do processo de culpabilização e da
incerteza do dia-a-dia que atormentou boa parte do país (cortes em
rendimentos do trabalho, cortes nas pensões a torto e a direito,
aumentos de impostos sobre os rendimentos do trabalho, etc) têm que
ser levados em conta. Passos Coelho e seus acólitos nada têm a
reclamar.
De
resto, ninguém ignora que a conjuntura económica internacional tem
dado um forte contributo à recuperação da economia portuguesa;
assim como ninguém esquece que a baixa das taxas de juro e a
desvalorização do euro face ao dólar estão também metidas nesta
recuperação; ou até que o turismo tem dado uma ajuda; assim como o
enfraquecimento, por parte das instituições europeias, da tara com
a austeridade ajuda a justificar o crescimento da economia
portuguesa. Ninguém ignora, excepto o PSD que considera ser o
responsável por mais estas boas notícias - mesmo quando, em
funções, liquidou o consumo interno, matando a actividade económica
desprovida de investimento, aumentando o desemprego, enquanto se
dizia que a culpa era nossa porque havíamos vivido acima das nossas
possibilidades.
É
todo o razão de ser de Passos Coelho que soçobra perante as
evidências, procurando o antigo primeiro-ministro, desesperadamente,
reclamar o que lhe é indevido, caindo invariavelmente no paradoxo de
defender uma coisa e reclamar o seu contrário.
Cada
vez parece mais evidente que Outubro é o mês em que as trevas se
abaterão sobre esta liderança desgastada e vazia de discurso que
deixou de contar com quaisquer adeptos, exceptuando Schäuble. Depois
das autárquicas será um milagre Passos Coelho manter-se na
liderança do partido. Ou isso ou ninguém está disposto a enfrentar
uma geringonça que, contra todas as opiniões iniciais, não só
funciona como até faz escola.
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