O
Presidente brasileiro que subiu ao poder depois da destituição de
Dilma Rousseff é agora apanhado numa gravação de 40 minutos a
autorizar um empresário a comprar o silêncio de um dos muitos
envolvidos na investigação "Lava Jato". O famigerado
Eduardo Cunha tinha de ser um dos envolvidos nesta sórdida história.
Apesar
das evidências, Temer recusa a saída da Presidência. Em
alternativa oferece uma explicação para o sucedido: trata-se afinal
de uma conspiração. De facto, uma das marcas da política hoje é a
mais inexorável ausência de pudor. Simplesmente não há vergonha e
mesmo perante as evidências, insiste-se na mentira. Naturalmente
esta falta de vergonha não é um exclusivo de Temer ou sequer da
política no Brasil. Passa-se um pouco por todo o mundo, variando
apenas em dimensão.
Assim,
Temer alega, conseguindo a proeza de manter uma pose séria, que
nunca pediu a ninguém que pagasse o silêncio de Eduardo Cunha que,
recorde-se, foi, a par de Temer, um dos grandes impulsionadores da
destituição de Dilma. Cunha está agora na prisão.
Cada
contexto político apresenta as suas especificidades, mas há um
elemento comum que tem contribuído para o mais absoluto descrédito
da política, redundando no afastamento dos cidadãos: a corrupção,
agora aliada à falta de vergonha. É evidente que a corrupção não
é de hoje, mas tempos houve em que um político quando era apanhado
em falso, demitia-se. Hoje não. Hoje fala-se em caça às bruxas
(Trump) ou conspiração (Temer). Dois bons exemplos do que vai
errado com a política.
O
resultado da descrença são os trumps deste mundo. Longe de serem
uma solução, revelam-se amiúde mais do mesmo ou até pior, como é
o caso do agora Presidente dos Estados Unidos da América.
Comentários