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E o senhor, ainda se ri?

Corria o ano de 2015 e, em plena Assembleia da República, Passos Coelho não conseguiu disfarçar os risos e sorrisos trocistas, chegando a limpar as lágrimas de tanto rir. A razão? Tratava-se da estreia de Mário Centeno no Parlamento. E porquê recuperar os risos trocistas de Passos Coelho? Porque é pertinente questionar se o ex-primeiro-ministro-eternamente-inconformado-a-sua-actual-situação ainda se sente tão divertido como se sentia em 2015.
Não tenhamos dúvidas, vale mesmo a pena recordar a efeméride, sobretudo agora que Centeno é um dos mais fortes candidatos a presidir ao Eurogrupo, depois de reconhecidamente ter feito um excelente trabalho nas Finanças, sem recorrer a adulações baratas do passado, bem ao estilo de Maria Luís Albuquerque e, claro, Passos Coelho. 
Mas voltemos a 2015. Mário Centeno alertava para a situação da banca portuguesa - facto que terá provocado a boa disposição de Passos Coelho, Marco António Costa e Luís Montenegro. Desconhece-se se, depois de terem sido conhecidos os graves problemas no BANIF e na CGD, os referidos deputados ainda sentem a mesma boa disposição de 2015.
Desconhece-se também se os mesmos deputados ainda se riem dos bons resultados da economia portuguesa e dos elogios externos, oriundos dos sítios mais inesperados.
Mas se queremos manter a boa disposição e sorrir, recomendo então que se oiça Assunção Cristas e associados no Parlamento, designadamente a propósito da tese que postula que os bons resultados conseguidos por este Governo são fruto do trabalho da coligação PSD/CDS. Nesse momento divertido Cristas recordou que o Governo de que fez parte conseguiu a proeza de reduzir o défice de mais de 11 por cento para menos de 3 por cento. Na verdade o défice em 2015 ficou bem acima dos 4 por cento, mas não se prendam a detalhes porque eles também não. Ora, Cristas, nesse momento de boa disposição - quem faz rir os outros merece os nossos elogios -, não disse que durante nove meses (entre 2008 e 2009) as ordens da instituições europeias resumiam-se a duas palavras: investimento público. Com fartura. Uma espécie de keynesianismo à pressão. A líder do CDS esquece também os ataques predatórios, produto da especulação mais desenfreada, às dívidas dos países do sul da Europa. Cristas, fraca de memória, ignora que a redução do défice foi feito à custa do "enorme aumento de impostos", da manobra feita com o fundo de pensões da banca que muito nos vai onerar para mais de uma década, com privatizações de tudo o que mexia, com cortes em salários, pensões, e mais não terá sido devido à acção do Tribunal Constitucional. Nada comparável com o que este Governo PS e extrema-esquerda, radical, feia, porca e má tem feito. 

As questões que se impõem são as seguintes: E o senhor Passos Coelho, ainda se ri? E o Sr. Montenegro? E o Sr. Marco António Costa? E a Sra. Assunção, até quando nos vai fazer rir?

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