Passos
Coelho decidiu assinalar o 1.º de Maio com a afirmação de que terá
sido durante a vigência do seu mandato que o emprego mais subiu,
proferindo palavras carregadas de azedume e que pretendiam concluir
que este Governo está a colher aquilo que ele e os seus apaniguados
terão semeado.
Passos
Coelho, procurando a todo o custo contrariar a tese de que está
morto politicamente, faz nova prova de vida (ou tenta) acusando do
Governo de ser ridículo. E já que falamos em ridículo,
regressemos, por momentos, ao passado:
Durante
o Governo de Passos Coelho a desregulação do mercado de trabalho
conheceu o seu auge. Durante aqueles mais de quatro anos infernais o
emprego criado era não só parco como acentuadamente precário,
tanto mais que foram adoptadas tímidas medidas para fazer face aos
elevados números do desemprego e todos estarão recordados das
aldrabices em torno desses números quer com estágios quer com
formações inconsequentes. Durante o tempo em que Passos Coelho era
primeiro-ministro as desigualdades cresceram exponencialmente
afectando também os que trabalhavam. Durante esse tempo e mesmo
agora o anterior primeiro-ministro recusava e recusa qualquer aumento
do salário mínimo. E sobretudo durante o seu tempo Passos Coelho -
mesmo que o negue agora - convidou os portugueses a emigrarem, num
gesto absolutamente inédito entre os mais altos representantes
políticos do país.
Ora,
o tal que mandou emigrar vem agora reclamar para si louros da redução
do desemprego, quando ele próprio, para além de ter mandado
emigrar, fomentou desigualdades, promoveu o enfraquecimento do Estado
Social, transformou a vida de trabalhadores num inferno de
call-centers, baixos salários, precariedade e aldrabices, deixando
de fora da equação qualquer laivo de esperança quer para
trabalhadores quer para desempregados.
Passos
Coelho, ávido por um qualquer exercício que lhe permita demonstrar
que ainda respira (politicamente), não percebe que já nem são
tanto os números que chamam a atenção das pessoas, números esses
que são amiúde trabalhados a nosso bel-prazer. O que realmente
interessa aos cidadãos é sentir alguma melhoria nas suas vidas e
ter a convicção de que essa melhoria seja apenas o princípio, não
vivendo refém de políticas carregadas de austeridade num contexto
de extrema culpabilização, tal como viveram trabalhadores e
pensionistas, nunca sabendo se o dia de amanhã contaria com mais
cortes nos seus salários e pensões; tal como viveram tantos
trabalhadores sob o jugo de uma elevada taxa de desemprego que tanto
puxa os salários para baixo e a precariedade para cima.
O
que Passos Coelho não percebe é que a política não se faz apenas
de números, faz-se também olhando para as pessoas, não lhes
sonegando a esperança num futuro melhor, nem as convidando para sair
do país.
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