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Business as usual 

Na sua primeira deslocação oficial ao estrangeiro Donald Trump escolheu a Arábia Saudita como destino e, para além de umas palavras sobre o terrorismo, proferidas num dos berços ideológicos do fundamentalismo, Trump fez negócios. Perto de 100 milhões de euros na venda armamento - a maior venda da história americana. E com isso o Presidente americano que tem sido alvo de críticas no seu país, sai da Arábia Saudita com um sorriso nos lábios. Sobre o constante desrespeito pelos direitos humanos nem uma palavra, afinal de contas tratou-se de "business as usual".
Não haverá na história recente dos EUA um Presidente que tenha mostrado tanta falta de preparação para conduzir os destinos do país como Donald Trump, um homem que verdadeiramente não escondeu que olhava para a presidência como olha para os negócios. E assim entrará para a história por mais uma razão no mínimo discutível: a venda em larga escala de armamento a um país do Médio Oriente.
A viagem à Arábia Saudita, permitiu-lhe, por outro lado, aliviar a tensão que se sente entre portas, designadamente com suspeições de tentativa de obstrução à justiça e passagem de informação altamente confidencial a um país não aliado: a Rússia, país este que se encontra envolvido em todas as polémicas de Trump. Pelo menos saiu do país,

Regressará a casa com uma mão cheia de dólares, mas longe de se ter livrado da contestação interna e a um passo de cometer nova imprudência, coisa que aliás lhe é intrínseca. Até quando? Até os Republicanos assim o entenderem. A venda colossal de armamento à Arábia Saudita deixa. aliás, um outro sorriso no rosto de muitos ligados à industria do armamento a quem Trump, apesar de tudo, agradou. De resto, para esses, assim como para Trump, até se podia vender uma quantidade astronómica de armas ao Diabo. Afinal de contas, é tudo "business as usual".

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