O
Washington Post publicou, no passado domingo, um artigo sobre o
ressurgimento da Al-Qaeda, desta feita às mãos do filho de Osama
Bin Laden, Hamza Bin Laden. Segundo o jornal americano, o filho de
Bin Laden procura dar novo fôlego a uma organização terrorista que
nunca verdadeiramente desapareceu, embora tenha sido, em larga
medida, relegada para um segundo plano pelo Daesh. Segundo a
publicação americana, Hamza Bin Laden tem-se mostrado
particularmente activo nos sites jihadistas nas últimas duas
semanas.
Assim,
Hamza Bin Laden incorpora a esperança de todos aqueles que não se
revêm propriamente no Daesh, mantendo-se fiéis à Al-Qaeda. Hamza
procura também recrutar membros do próprio Daesh, procurando, com
esse propósito, não hostilizar o próprio Daesh.
Todavia,
existem diferenças assinaláveis entre a liderança de Bin Laden pai
e Bin Laden filho. Desde logo, Hamza procura transformar a marca da
organização, deixando cair o planeamento rigoroso de atentados
terroristas de grande monta, menos metódico e menos apologista da
selecção criteriosa de alvos, adoptando, também neste particular,
uma posição semelhante ao Daesh: aproveitamento dos chamados "lobos
solitários" e de tudo quanto possa desferir golpes em
americanos e europeus.
Para
o efeito, reclama vingança pelas crianças mortas na Síria e
vingança também pela morte de seu pai.
Hamza
conta sobretudo com uma imagem jovem, em oposição às envelhecidas
e actuais lideranças da Al-Qaeda e com o nome "Bin Laden",
professando formas de terrorismo ainda mais agressivas.
Este
ressurgimento da Al-Qaeda, às mãos do filho de Bin Laden, é
incomensuravelmente inquietante. As derrotas territoriais do Daesh
não amenizam em nada as tentativas, por vezes bem sucedidas, de
ataques terroristas, existindo mesmo quem defenda que a perda de
território ainda provoca mais tentativas. É neste contexto que
damos conta do ressurgimento da Al-Qaeda, o que é,
indiscutivelmente, más notícias para a Europa e para os EUA. Resta
saber que estratégias adoptar para fazer face a estas ameaças.
Continuamos dedicados apenas à questão policial e de serviços de
inteligência ou procuraremos formas de combater a ideologia que está
subjacente ao jihadismo. De uma coisa podemos estar certos: não será
com a venda astronómica de armas à Arábia Saudita ou hostilizando
o Irão xiita que se estará no caminho certo.
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