À
medida que o tempo passa, e apesar de gradualmente se conhecerem as
escolhas de Donald Trump, existe uma tendência inquietante para
subestimar a escolha do Republicano para liderar os destinos da maior
potência económica e militar do mundo,
Deste
modo, aligeirando a ameaça, baixa-se a guarda, permitindo que o
inconcebível venha mesmo a acontecer. Acordaremos, como de resto é
costume, tarde demais. Por ora, dizemos, em forma de consolo, que
Trump exagerou para chegar à presidência e que, uma vez lá
chegado, tudo seria diametralmente diferente, mais suave.
Na
verdade, ainda é prematuro avaliar a concretização das medidas
prometidas em campanha eleitoral, embora o que já se saiba – da
boca do Presidente – seja verdadeiramente perturbador: muro,
Obamacare, políticas sobre o aborto. No entanto, as escolhas do
Presidente Trump, de tão surreais, levam-nos para outra dimensão,
caracterizada pelo retrocesso social, pela intolerância e pelo
fanatismo. E não se trata apenas de um conjunto de conselheiros
xenófobos e fundamentalistas religiosos, é toda a Administração a
ser pululada por uma espécie de neofascismo misturada com
fundamentalismo religioso. Mais um exemplo é a escolha de um
proeminente membro do Tea Party para liderar a CIA.
Por
conseguinte, menosprezar-se esta nova Administração, coadjuvada por
um Congresso da mesma laia, é não só contraproducente, como
perigoso.
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