A
crítica apoiada num constante cepticismo resvala amiúde para o
niilismo que redunda invariavelmente na ideia de que tudo é negativo
e nada vale a pena. Esse niilismo leva-nos a considerar que nada faz
sentido e, como não se pode falar de niilismo sem falar em
Nietzsche, socorro-me de uma ideia sua: o perigo inerente à ideia de
que nada faz sentido.
Vem
isto a propósito de algumas boas notícias, que vão para além dos
bons indicadores económicos da economia portuguesa ou da mudança de
atitude - mais positiva - das instituições europeias,
designadamente as boas políticas que a Câmara de Lisboa pretende
pôr em prática no que diz respeito aos transportes públicos.
Deste
modo, Fernando Medina anunciou um reforço dos transportes públicos
na cidade de Lisboa, sobretudo no que diz respeito à Carris, que se
traduz num aumento significativo de autocarros, utilizando as
receitas de multas e estacionamento para esse efeito e no alargamento
da facilidade de acesso dos mais jovens e dos mais velhos.
A
cidade de Lisboa está anos luz atrasada em matéria de transportes
públicos, a anos luz do que se faz noutras cidades europeias. As
preocupações ambientais nunca foram verdadeiramente preocupações
em Portugal, designadamente para o poder político; nem tão-pouco o
bem-estar do cidadão foi sempre fonte de preocupação.
Assim,
mais razões temos para elogiar boas políticas quando estamos
perante as mesmas. É neste contexto que devemos fazer a leitura das
medidas anunciadas pelo Presidente da Câmara de Lisboa. Muito para
além das polémicas empoladas por uma comunicação social que, a
par dos partidos da oposição, perdeu o norte.
Estas
medidas agora anunciadas são indiscutivelmente um primeiro passo
para contrariar a ideia de que é necessário o automóvel porque a
rede de transportes é insuficiente. Ainda assim seriam necessárias
mais políticas ambientais. Ainda assim, a importância dada aos
transportes públicos são uma boa notícia.
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