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O tempo de Hillary acabou

O tempo de Hillary Clinton acabou. Em rigor, com a eleição de Trump, não será despropositado dizer que o tempo de democratas como Hillary e, até certo ponto Obama, acabou.
Essa é uma das lições a retirar da inesperada vitória eleitoral de Donald Trump. Ou o Partido Democrata muda e nessa mudança tem forçosamente de incluir uma nova liderança, coadjuvada por novos elementos, com propostas diferentes que vão ao encontro dos cidadãos e, sobretudo, distanciado do poder económico, ou políticos como Trump continuarão a ser uma realidade.
A única forma de combater este populismo de extrema-direita ou neofascismo passa pelo fortalecimento da esquerda, ciente de que não pode deixar cair a sua luta contra as injustiças fruto do capitalismo selvagem, nem a defesa dos direitos humanos – central ao seu ideário. Tudo num contexto de distanciamento da habitual promiscuidade entre poder político e poder económico. Não há outro caminho.
É indiscutível que nesta nova equação, os políticos que têm dominado o Partido Democrata, como partidos socialistas um pouco por toda a Europa, foram ultrapassados pelos acontecimentos. O tempo é de Bernie Sanders e não de Hillary Clinton. Há todo um mundo de diferença.
Um dos maiores dramas dos tempos em que vivemos prende-se com a ausência de noção histórica. Desprezamos ou desconhecemos a história, mesmo a mais recente.

Deste modo, não admira pois que aquilo que se passou nos anos 30, com a ascensão do populismo de extrema-direita ao mesmo tempo em que a tibieza da esquerda democrática era mais do que notória, seja hoje esquecido. 

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