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Quando não há limites para a hipocrisia

Assistir ao triste espectáculo protagonizado pelo PSD, deixando o papel secundário ao CDS, sobre os pretensos cortes na educação, começa a ser um exercício verdadeiramente penoso. De facto deveria existir um limite para a hipocrisia, sobretudo na política, caso contrário o espectáculo é engolido pelo ridículo.
Mesmo não entrando na discussão sobre a veracidade de tais acusações, as que postulam que o Governo de António Costa está a cortar na Educação, a figura prestada por inúmeros deputados do PSD excede os limites do aceitável. De resto, quantos de nós conseguem ouvi-los acusarem este Governo de proceder a um gigantesco corte na Educação, quando o seu partido, até há pouco mais de um ano, fez isso e muito, mas muito mais?
Não chega apontar o dedo indiscriminadamente e torna-se ridículo fazê-lo quando não se tem qualquer espécie de legitimidade. Ora, os que agora se insurgem contra o pretenso corte são os mesmos que cortaram em pensões, salários; os mesmos que deram um forte contributo para o enfraquecimento do Estado Social e para o empobrecimento do país. Isto já faz lembrar aquele homem que coloca um maço de tabaco em cima da mesa do restaurante e do outro que, enquanto fuma um generoso charuto, acusa o primeiro de pretender fumar num local onde essa prática é proibida. É tão ridículo quanto isto.


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