Dir-se-á
que o facto do mundo ter os olhos postos nas eleições de hoje,
aliado a apelos para que Trump não vença as eleições (ainda assim
diminutos) constituem uma ingerência nos assuntos políticos de um
outro país. De resto, se queremos falar de ingerência podemos pedir
lições aos americanos, campeões em matéria de ingerência, mas a
um nível muito mais complexo e gravoso do que aquele que se discute
nestas linhas.
Os
EUA não são evidentemente um país qualquer. Super-potência,
decisivo do ponto de vista geopolítico, as políticas americanas
determinam a estabilidade mundial ou ausência dela. O que desperta,
naturalmente, um interesse e até algumas acções mais directas.
Ninguém pode ficar indiferente ao futuro político dos EUA. O
escrutínio é também forçosamente maior. Falamos, naturalmente, do
poder executivo.
Paralelamente,
Donald Trump coloca o mundo em sobressalto. Trump é sinal de
profunda instabilidade e irresponsabilidade – factores que não são
consonantes com o cargo que se propõe ocupar.
A
ingerência a existir deve ser lida à luz do carácter inédito
destas eleições, graças, claro está, ao inefável candidato
republicano. A ingerência, que vai para além do simples interesse,
com muitos a apelarem pelo voto em Hillary, justifica-se até porque
amanhã ou respiraremos colectivamente de alívio ou sentiremos um
dos maiores arrepios pela espinha abaixo.
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