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Itália, um problema convenientemente ignorado

No próximo dia 4 de Dezembro Matteo Renzi, primeiro-ministro italiano, tem uma prova de fogo que chumbada pode pôr em causa a própria estabilidade europeia – um referendo com a finalidade de mudar a Constituição italiana, aumentando os poderes do Executivo.
Ora, Renzi, inexoravelmente comprometido com o referendo, promete demitir-se se o resultado for negativo. Praticamente toda a oposição parece empenhada numa derrota e subsequente demissão de Renzi. A demissão do actual primeiro-ministro pode abrir as portas à subida ao poder do famigerado Movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo, notoriamente longe de ser um amante da União Europeia.
De resto, se Grillo chegar ao poder levará a cabo a realização de um referendo sobre a permanência de Itália na Zona Euro; um referendo cujo resultado pode muito bem ser ainda mais grave do que o brexit.

Todavia e apesar do estado degradado em que se encontra a banca italiana, a par de um país que nunca conseguiu sair da crise indiciarem um aumento dos sentimentos anti-Europa, a verdade é que ninguém quer sequer pensar na possibilidade de Itália abandonar a moeda única. Preferimos o já tradicional enterrar a cabeça na areia ou, em alternativa, desviar as atenções para assuntos de lana-caprina, como faz o ministro das Finanças alemão.

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