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Improvável, mas tão desejável

Uma hipotética solução governativa de esquerda, entre PS, CDU e BE, é, convenhamos, difícil de se concretizar. Desde logo, António Costa, secretário-geral do PS, conta com pressões daqueles socialistas artificiais que preferem entendimentos à direita – mesmo que a direita seja a direita dos negócios e do oportunismo. Por outro lado, as pressões externas também serão levadas em conta, sobretudo o parecer das instituições europeias e da Alemanha. Finalmente, o Presidente da República não estará, como é expectável, entusiasmado com uma solução política à esquerda.
Uma hipotética solução governativa de esquerda embora improvável, seria manifestamente desejável. Aliás já é curioso assistir às reacções de boa parte da direita a uma hipotética aliança do PS aos partidos à sua esquerda. Vale tudo, desde o regresso ao passado do PREC, às tentativas de alimentar o medo associado a uma solução política que componha partidos não alinhados, de forma canina, com o desastre das políticas de austeridade.

Confesso que me entusiasma uma solução à esquerda, mas mesmo que essa possibilidade não se concretize, confesso também que estes dias em que essa “ameaça” se agudizou, serviram para me divertir incomensuravelmente. Só por isso já valeu a pena. 

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