Os
dias subsequentes ás eleições de dia 4 de Outubro têm sido
particularmente esclarecedores. Desde logo ficamos esclarecidos
quanto às intenções de todos aqueles que, pese embora não reúnam
condições de governabilidade, insistem que devem ser eles os escolhidos, pela prosaica razão de terem ficado em primeiro lugar.
Pouco interessa serem incapazes de governar e menos interessa ainda que
exista uma solução de maioria, o que imperativo é não perder o
poder. Curiosamente, há quem se mostre disposto
a tudo para se manter no poder: aceitar o que durante mais de quatro
anos terá sido simplesmente impossível de aceitar e prescindir de posições
na hierarquia como se tudo se resumisse a questão de
lugares.
Estes
dias e os anteriores têm sido esclarecedores no que toca à forma
como a generalidade da comunicação social trata quem não está
ligado aos partidos dos negócios. Se antes das eleições as
diferenças de tratamento eram mais do que evidentes, agora é
simplesmente escandaloso. Perante a possibilidade de existir uma
solução de esquerda, o comentadores e jornalistas - invariavelmente
ligados aos partidos que suportavam o anterior Governo - perderam o
que lhes restava de bom senso, deixando-se cair no insólito e no
ridículo.
Finalmente,
os dias subsequentes ao período eleitoral tiveram o condão de
mostrar que a democracia não é um conceito tão bem assimilado
quanto isso. Por estes dias assistiu-se a exercícios reveladores de
uma absoluta inexistência de cultura democrática, facto que,
confesso, me surpreendeu.
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