Muitos
acreditam que o país está pior do que estava, mas são poucos os
que parecem decididos em enveredar pela mudança. O descrédito na
política e nos políticos não é suficiente para explicar o
distanciamento e até os elevados níveis de abstenção. Ora, eu
acredito que isto vai pelo mau caminho, mas não ajo no sentido de
conseguir a mudança, nem através do simples gesto do voto. Parece
ser a ideia que perpassa a mente de muitos.
O
perigo da abstenção, sobretudo quando esta atinge valores tão
inquietantes como nos últimos anos, prende-se precisamente com a
inviabilização da mudança. A percentagem daqueles que votam sempre
nos mesmos partidos é significativa e os que oscilam são
insuficientes para proceder a verdadeiras mudanças. Os que se abstêm
contribuem de facto para que nada mude e o pior é que me parece que
não existe essa percepção.
O
desinteresse pela política não se explica apenas com a ausência de
qualidade dos principais actores políticos, mas encontra razão de
ser numa espécie de indolência mental que tem apanhado uma boa
parte de nós. O desinteresse é isso: indolência, ignorância e
pouco mais. As palavras são duras, mas a realidade consegue ser
ainda mais.
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