Com
todos não dá. Se António Costa pensa que é possível negociar com
todos, estará, muito provavelmente, enganado. Segundo o
secretário-geral do PS, o partido está mandatado para negociar com
todos os partidos. A ideia é bonita, mas a inexequibilidade é
evidente.
Por
um lado, Costa dificilmente conseguiria apoio no seu partido no
sentido de procurar soluções à sua esquerda, desde logo porque o
PS vem abdicando de parte dos seus valores de esquerda. A
possibilidade de encontrar um entendimento com os partidos da
esquerda seria uma surpresa agradável, confesso.
Por outro lado, se Costa avançar no sentido de entendimentos com a direita, como é desejo do Presidente da República e dos próprios partidos de direita, estará a viabilizar as políticas da coligação contra as quais o eleitorado do PS votou. Defraudar os anseios do eleitorado pode ser desastroso para qualquer partido, mas sobretudo para partidos que contaram com o peso do voto útil precisamente para inviabilizar a solução governativa da direita.
Por outro lado, se Costa avançar no sentido de entendimentos com a direita, como é desejo do Presidente da República e dos próprios partidos de direita, estará a viabilizar as políticas da coligação contra as quais o eleitorado do PS votou. Defraudar os anseios do eleitorado pode ser desastroso para qualquer partido, mas sobretudo para partidos que contaram com o peso do voto útil precisamente para inviabilizar a solução governativa da direita.
Se
o PS aderir ao apelo do Presidente da República pode correr o risco
de enveredar pelo caminho seguido pelo Pasok - partido socialista
grego. Ainda assim parece-me que o PS procurará o desgaste da
coligação, viabilizando e inviabilizando as políticas de Passos
Coelho e Portas, correndo riscos, é certo, mas também esperando que
esse desgaste lhes permita vencer as próximas eleições
legislativas, provavelmente antecipadas.
Essa
posição do PS é, como se disse, arriscada, mas ainda assim creio
que é a mais provável. Uma posição que não exige um
comprometimento total e que lhes permitirá assistir ao desgaste da
coligação, sobretudo quando rebentarem as bombas do BES e da
incapacidade do país cumprir as metas do défice.
De
qualquer modo, com todos não dá. A frase de Costa serve apenas para
comprar tempo, mantendo o espírito democrático. Nada mais.
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