O dia do trabalhador ficou indelevelmente manchado pelos insultos e agressões ao candidato socialista às eleições europeias, Vital Moreira. Mas o dia também ficou marcado pela reacção do líder da CGTP, Carvalho da Silva que afirmou, a muito custo, lamentar as agressões, mas fez questão de compreender a causa da revolta. Ora, nem Carvalho da Silva pode compreender comportamentos de arruaceiros que não fazem ideia do que é viver em democracia, nem tão-pouco compreende as causas subjacentes a esses comportamentos inaceitáveis.
Na verdade, não terá sido tanto a crise, o desemprego, o trabalho precário a levantarem tanto ódio contra Vital Moreira, mas sim uma questão bem mais prosaica: Vital Moreira passou de um lado para o outro; dito de outra forma, Vital Moreira deixou o PCP e agora aparece como cabeça de lista do Partido Socialista. Aliás, não é por mero acaso que a palavra “traidor” foi a mais ouvida durante aquela triste manifestação de ódio e de desrespeito pelos princípios básicos de democracia.
Igualmente grave foi a reacção do Partido Comunista Português que simplesmente ignora a gravidade do episódio em questão, o que não é, apesar de tudo, particularmente surpreendente tendo em conta a pouca tolerância de um partido que clama ter sido, em larga medida, o responsável pelo regime democrático consequência do 25 de Abril, mas que na prática sabe muito pouco sobre a pluralidade de opinião.
Espera-se, por conseguinte, que os eleitores se recordem deste triste episódio não para beneficiar o PS, mas para punir o PCP. Segundo uma sondagem sobre as eleições europeias publicada pelo Diário de Notícias, os portugueses já se anteciparam: o PCP é a quarta força política com uma larga distância do Bloco de Esquerda.
Notícia in Público online: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1378326&idCanal
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