Avançar para o conteúdo principal

Birmânia e a comunidade internacional

A Birmânia, que tem andado distante das primeiras páginas dos jornais e das aberturas dos serviços noticiosos, volta a ser notícia, desta vez devido à prisão de um cidadão americano que terá visitado Aung San Suu Kyi, que se encontra em prisão domiciliária. Terá sido apenas por esta razão que a Birmânia e o ignóbil regime que está à frente dos destinos do país volta a ter algum destaque. De facto, depois da revolta dos monges e do ciclone que assolou o país este país caiu novamente no esquecimento internacional. O país é longínquo, o regime inexpugnável, o rosto da oposição, Aung San Suu Kyi, encontra-se presa há mais de 13 anos e países como a China continuam a bloquear qualquer intenção que comunidade internacional possa ter no sentido de contrariar a junta militar que governa a seu bel-prazer o país há décadas, o que torna o assunto pesado e pouco apetecível.

Nestas condições, não é causa de espanto que o assunto seja, de um modo geral, ignorado. O regime militar governa o país desde 1962 e desde então é mantido fechado ao resto do mundo e confinado à mais abjecta pobreza. Parece incrível a longevidade do regime, embora se possa afirmar que existem outros regimes menos democráticos que ainda hoje subsistem. De qualquer modo, este regime de índole militar mantém-se inalterado; ou dito de outra forma, em quase 50 anos, o maior perigo à sua existência tem sido Aung San Suu Kyi, que é mantida em prisão domiciliária. Esta mulher constitui a maior ameaça ao regime, tal como ficou provado em 1990 quando Suu Kyi venceu as eleições.

Agora volta-se a falar da Birmânia, em larga medida porque se trata de um cidadão americano que, ao ter visitado Aung San Suu Kyi, foi detido pelas autoridades birmanesas. Lamentavelmente, depois da resolução do problema do cidadão americano, a Birmânia regressa à sua condição normal que passa pela pouca importância que tem a nível internacional. Sublinhe-se que para essa pouca importância, a China tem dado o seu indispensável contributo ao apoiar o regime militar. Mas a China já nos habitou a cenários semelhantes com o Tibete e com o apoio a regimes sanguinários como o do Sudão ou a déspotas "iluminados" como o da Coreia do Norte.

Notícia da detenção do cidadão norte-americano in Público online: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1379098&idCanal=11

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa