Um pouco por toda a Europa questiona-se a viabilidade do modelo social europeu – uma das pedras basilares da construção europeia e, de um modo mais geral, uma das razões que mais contribui para a coesão e para a paz sociais. Nos últimos anos essa viabilidade tem sido posta em causa, ainda mais agora com as dificuldades que assolam a generalidade dos Estados-membros. Em Portugal, começa-se, ainda que invariavelmente de modo sub-reptício, a questionar o Estado social. Dizem-nos que não é possível viver como vivemos no passado e, por conseguinte, teremos que mudar de vida. Dizem-nos que essa mudança de vida constitui uma inevitabilidade. A referida mudança implica um retrocesso também no Estado social – uma das grandes conquistas do século passado. A lógica é clara: a manutenção do Estado social traduz-se na manutenção de impostos. Infelizmente, prefere-se fazer um ataque ao Estado social com o objectivo de resolver os problemas do país – os cortes anunciados pelo Governo terão impactos s...
Para a construção de uma sociedade justa e funcional é necessário que a política e que os políticos se centrem na consolidação de três elementos: a protecção do ambiente, o bem-estar social com a necessária eficácia económica e a salvaguarda do Estado democrático. No entanto, estamos a falhar clamorosamente o primeiro objectivo, o que faz com tudo o resto seja inexoravelmente sem importância.