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Entre a espada e a parede

Em Portugal, assim como um pouco por toda a Europa, os cidadãos vivem entre a espada e a parede, num beco sem saída, numa tentativa de sobreviver a tempos difíceis, contando cada vez menos com lideranças políticas dignas desse nome e com ideologias diluídas ao longo do tempo.
A política afunilou-se naqueles que continuam a pugnar por modelos económico-sociais falidos, adoptando um discurso de esquerda que, embora tocando em aspectos essenciais de injustiças gritantes, acabam por fornecer uma alternativa que mais não é do que a repetição de erros do passado; e noutros que, numa tentativa de se adaptarem ao modelo em que vivemos, acabam por ser engolidos pela sua voracidade, desprezando os seus cidadãos e aniquilando paulatinamente as próprias democracias. É nisto que se transformou a direita, o centro-direita e até o centro-esquerda.
Os cidadãos vêem as suas escolhas limitadas a duas hipóteses políticas esgotadas; os sindicatos perdem força, por razões que se prendem com a sua ortodoxia ultrapassada e consequente afastamento dos trabalhadores; a qualidade dos políticos não merece sequer comentários.
É com este cenário que as nossas vidas se vão afundando nas medidas de austeridade, em mais uma tentativa de sobreviver não perdendo a dignidade. A serenidade do povo vai permitindo que nada façamos para alterar este cenário, pelo contrário, adoptamos uma postura de passividade e de resignação que resulta num agravamento da nossa situação já por si periclitante. Foi essa postura de passividade e de resignação, envolta num constante medo do amanhã, que nos levou aos problemas que hoje voltamos a enfrentar.

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